"O Mundo acorda e adormece sem que ninguém o embale.


Ainda assim, estou disposta a oferecer-lhe a minha canção."




quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Por um mau acordo - Eduardo Cabrita - Correio da Manhã

Por um mau acordo - Eduardo Cabrita - Correio da Manhã


Escrevo no desconhecimento do resultado das conversações Teixeira dos Santos-Catroga sobre o OE/2011. As negociações são um teste à capacidade de fazer prevalecer a maturidade democrática sobre a pulsão suicidária do calculismo político. O Eurostat confirmou esta semana o défice português de 9,3% em 2009. A Grécia, a Irlanda, o Reino Unido e a Espanha ultrapassaram largamente os 10% e a nossa dívida pública é superada pela de Itália, Bélgica ou França.

O ‘Financial Times’, num artigo ignorado pela imprensa portuguesa , disse que Portugal tem razões para se sentir magoado pelas comparações com a fraude das estatísticas gregas ou com a Irlanda afogada pelo desvario da especulação financeira. O nosso problema central é a dificuldade política em criar condições para que os deuses sem rosto dos mercados acreditem na nossa capacidade para pôr as contas em ordem.

O OE/2011 assenta num ritmo, até 2012, e intensidade da consolidação orçamental injustamente inevitáveis para a economia portuguesa, pelos seus efeitos recessivos. Mas mostrar agora incerteza quanto à capacidade de cumprir os compromissos assumidos seria desastroso para as famílias e provocaria a asfixia financeira em cadeia das empresas. Os juros poderiam atingir os dois dígitos e a crise política deixaria o mitificado FMI sem interlocutor. Suspeito de que chegaríamos em estado de tragédia grega à irresponsável Primavera eleitoral.

Todos os parceiros têm a aprender. O Governo com o exemplo de Zapatero, que aprovou o 7º orçamento sem maioria absoluta e não hesitou em denunciar a ortodoxia monetarista prevalecente na direita europeia e no BCE. O PSD após um Verão errático aterrou no Outono da economia real. Não deixa de ser curiosa a facilidade com que uma retórica do corte na despesa pública e do crescimento se esboroa em propostas/condições que arruínam a receita e deprimem ainda mais a economia na guerra santa pacóvia contra a ferrovia moderna que nos faria perder dois mil milhões de fundos europeus e colocaria a ligação à rede europeia em Badajoz.

Mas agora é urgente mesmo um mau acordo, porque não teremos hipótese de boa demanda eleitoral sem fazer a consolidação orçamental. Mas neste debate orçamental o prémio ovelha negra cabe ao juiz Martins pelas incríveis declarações que envergonham a sua classe no momento em que os portugueses demonstram serenidade face aos sacrifícios que lhes são exigidos. Já sabíamos que a justiça não é do nosso tempo, mas sabemos que os juízes não são marcianos como o sr. Martins.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

EconómicoTV - Conselho Consultivo - 19.10.2010





(João Galamba, Manuel José Damásio, Francisco Proença de Carvalho)

Viabilizar o futuro - Eduardo Cabrita - Correio da Manhã




A proposta de OE para 2011, com a sua panóplia de medidas destinadas a dar sinais de tranquilidade aos príncipes dos mercados, cumpriu já a sua primeira função. Gerou um consenso nos analistas sobre a indispensabilidade da aprovação do orçamento e provocou uma baixa de cerca de 1% dos juros da dívida portuguesa, descolando Portugal do desastre irlandês. Voltam agora os comentadores, os que exigiam coragem para com os mercados, a dizer que afinal o défice pouco importa, o que é decisivo é evitar a recessão e garantir o crescimento a longo prazo.

Exatamente porque "há vida para além do défice", o que está em causa com a estratégia de consolidação acelerada decidida em Maio é demonstrar em 2011 um ritmo de redução do défice superior ao da França ou Espanha para rapidamente recuperarmos a autonomia para definir as prioridades de política económica. Importa discutir o modelo económico a longo prazo, padrões de equidade desejados, papel da educação e saúde para o milagre do desenvolvimento humano do regime democrático (mortalidade infantil e escolarização). É absurdo discutir investimentos que mudam o padrão territorial e de competitividade, como o porto de Sines ou a alta velocidade ferroviária, ao sabor das oscilações da taxa de juro ou do PSI 20. Existem profundas diferenças entre um modelo em que as políticas públicas são centrais para a igualdade de oportunidades, a coesão social e territorial e o pretenso primado da liberdade de escolha da cartilha da nova direita acentuando desigualdades e condenando os pobres a um ensino e saúde de filhos de deuses menores.
Cabe à esquerda parlamentar e sindical escolher entre o contrapoder ou contribuir para um modelo útil que permita consolidar a sustentabilidade do nosso modelo social. Será possível um consenso progressista sobre o papel do Estado após a sua fulgurante reaparição em 2008 para salvar as nações do desvario da especulação financeira e imobiliária? As três últimas décadas não são propícias a esperanças sobre o papel do PCP ou do BE.

Quanto ao novo PSD, tolhido pelo frenesim partidário de curto prazo que levou Passos Coelho a falar demais durante o Verão, vive dias penosos de ajustamento à realidade, percebendo que sem OE aprovado não teria futuro viável, face ao colapso do financiamento da economia, para sequer apresentar o seu modelo liberal de rutura com o consenso de matriz social-democrata em que vivemos desde o final do PREC.


terça-feira, 19 de outubro de 2010

Coragem em tempo de crise - Eduardo Cabrita - Setúbal na Rede

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Coragem em tempo de crise - Eduardo Cabrita - Setúbal na Rede


O Orçamento do Estado apresentado sexta-feira é o documento que incorpora as opções mais dramáticas de política económica a tomar em Portugal desde que aderimos à então CEE pela mão de Mário Soares.
Foi importante para Portugal fazer parte do núcleo fundador do euro mas tal obriga-nos a partilhar das opções tomadas num espaço monetário unificado. As instituições financeiras de raiz anglo-saxónica sempre olharam com desconfiança para o euro e o Reino Unido nunca admitiu abdicar da sua libra.
A crise de 2008, a maior das economias desenvolvidas desde 1929, resultou do desvario da especulação financeira e imobiliária e obrigou os Estados a intervir para evitar o colapso das economias perante o desabar dos mercados de capitais. Na Europa todos os países ultrapassaram o défice de 3% e a Holanda, a Irlanda ou o Reino Unido tiveram de nacionalizar bancos.
Em 2010, uma nova vaga de irracionalidade dos mercados de capitais veio pôr em causa as emissões de dívida dos Estados a partir do risco de incumprimento de pagamentos pela Grécia ,sendo que a sra.Merkel levou três meses a reconhecer que tal colocaria em causa toda a zona euro, pelo que teria de ter uma resposta global. O défice português de 2009, após 2 anos abaixo dos 3%,resultou do efeito conjugado da queda brusca das receitas fiscais (cerca de 15%), do aumento das despesas sociais em resultado do aumento do desemprego e das medidas de apoio às famílias e às empresas.
A autocracia dos mercados levou para níveis incomportáveis os juros da dívida pública e pôs em causa o financiamento das empresas obrigando Portugal a um ritmo acelerado de consolidação orçamental que nos obriga a ter em 2011 um défice de 4.6%, claramente inferior ao de Espanha ou de França ,para descolar de países à beira do colapso como a Grécia ou a Irlanda.
 O que está em causa no OE/2011 é readquirir com a máxima urgência a autoridade para definir políticas em que a salvaguarda do modelo social assente na igualdade de oportunidades no acesso à educação e à saúde e no papel do investimento público na dinamização da economia sejam assumidos como prioridades.
O relançamento da economia portuguesa dependerá da dinâmica das exportações.A AutoEuropa , maior empresa exportadora do País ,e os portos de Sines e de Setúbal são decisivos para a retoma económica.
Já todos perceberam que a via da direita passa pelo desmantelamento da escola pública universal e gratuita e pela fragilização do SNS. Igualmente da aprovação do orçamento depende a centralidade dada à região pela terceira travessia do Tejo, não queremos   a alta velocidade só no Poçeirão ,e pela  ligação ferroviária para mercadorias entre Sines e o hinterland  ibérico. Ambos os projetos são expressamente assumidos pelo OE/2011 e a sua não aprovação poderia compromete-los irreversivelmente.
É por isso que forças com implantação na região como o PCP e o Bloco devem ser confrontados com a sua responsabilidade política. Não basta associar-se ao Governo  na abertura de escolas ou de creches e cantar hinos à Terceira Travessia do Tejo, têm o dever de contribuir utilmente para uma governação progressista do PS e evitar as derivas monetaristas e  antisociais  hoje largamente disseminadas nos nossos parceiros europeus.
Sem orçamento aprovado teríamos uma crise política até meio de2011 e um trágico agravamento da crise financeira com a inevitável sujeição a níveis  de juros irlandeses ou gregos.
Estamos em hora de consciência   dos sacrifícios e da determinação necessária a virar a página da crise financeira, é preciso não iludir as opções inevitáveis e a fazer as opções urgentes pela estabilidade política e credibilidade económica.

sábado, 16 de outubro de 2010

Intervalo (vamos fazer de conta que estamos em fds...)




Adoro ópera, companhia quer de longas viagens solitárias, quer de "saudosas" directas a acabar trabalhos, é mesmo a única coisa "trágico-depressiva" (?) que eu tolero sem alterar o ritmo cardiaco... noutras parece que entramos no domínio da fantasia...

Intervalo...




quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Portagens nas SCUT





Debate sobre os projectos de lei do PCP e BE para revogação do decreto-lei que viabiliza a introdução de portagens nas SCUT - 14.10.2010

Intervenção de Ana Paula Vitorino, Grupo Parlamentar do Partido Socialista


Portagens nas SCUT

Debate dos Projectos de Lei do PCP e BE para revogação do DL 67-A/2010 que permite a introdução de portagens nas auto-estradas SCUT
Ana Paula Vitorino
14-10-2010

Senhor Presidente,
Senhoras e senhores Deputados,
Infelizmente temos hoje aqui nesta Assembleia mais um acto de demagogia pouco responsável por parte do PCP e do BE, como sempre no sentido de aumentar a despesa do Estado.
Não adianta pedir responsabilidade, nem importa que estejamos todos a prepararmo-nos para discutir e aprovar um OE 2011 de emergência nacional.
E, para além da maior crise financeira e económica do último século, PCP e BE esqueceram os princípios da mobilidade sustentável, esqueceram as recomendações de Quioto e pós-Quioto, ignoram os princípios da Política Comum de Transportes e aqui estão a defender a não introdução de portagens nas auto-estradas SCUT.
Quem sabe não os veremos ainda a defender a abolição de portagens em todas as auto-estradas ou mesmo o estacionamento gratuito e livre onde se quiser… E aí sim teríamos mesmo o primado do automóvel particular que, ficamos agora a saber, é defendido pelo PCP e pelo Bloco.
Para além da demagogia anti-portagens, diz ainda o PCP, em tom de crítica, que os descontos e isenções tornam obrigatório o uso dos dispositivos electrónicos de matrícula.
Francamente!
É claro que qualquer regime de descontos e isenções terá sempre que ser operacionalizado por via electrónica e com identificação da pessoa.
Primeiro porque o desconto ou isenção é para aquela pessoa e não outra. Não é uma coisa anónima. É porque o utilizador mora numa área objecto de discriminação positiva. Não é compatível, por um lado, ter descontos porque se mora num sítio e, por outro lado, não querer comprovar onde se mora. Como em tudo na vida não se pode ter o melhor dos mundos todos.
Segundo é uma questão de operacionalização. Para ser um pagamento expedito, rápido e compatível com o sistema instalado, tem que haver informação electrónica. Talvez o PCP pretendesse que os automobilistas andassem com um atestado de residência no bolso em formato de papel que mostrariam para a câmara quando passassem no pórtico!!!
E não se venha dizer que é uma baralhada, que ninguém sabe se está ou não isento. A lista dos Municípios onde existem isenções está publicada em Diário da República, para além de várias entidades estarem a transmitir esclarecimentos em larga escala.
E como pode o BE vir dizer que o Governo foge ao debate e ao contraditório?!
Este assunto já foi debatido até à exaustão nesta Assembleia. Aliás, foi a bem de um consenso que o Governo admitiu o princípio da universalidade na aplicação de portagens.
Foi exigência do PSD a aplicação do princípio do utilizador-pagador nas auto-estradas, daí resultando a cobrança de portagens em todas as SCUT.
E a diferença nas datas de início de cobrança vem apenas do facto de três já estarem prontas, daí o início amanhã, e as restantes necessitarem intervenções, e daí o início em 15 de Abril.
Mas o Governo impôs uma contrapartida. Admitiu o princípio da universalidade desde que fossem introduzidas medidas de discriminação positiva.
O regime de descontos e isenções é uma medida do Governo, de coesão e de protecção dos cidadãos e empresas das regiões atravessadas por estas auto-estradas e dos seus utilizadores frequentes.
E não diga o BE que o Governo não respeita as deliberações de Câmaras e Assembleias Municipais, maioritariamente do PSD contrariando a sua Direcção, nem os movimentos de utentes, ou que ignora decisões de tribunais.
Sabemos que foi interposta uma providência cautelar que foi aceite pelo Tribunal. Mas desenganem-se pois isso não constitui nenhuma avaliação do mérito da iniciativa. Aliás, o Governo irá fazer a declaração do interesse público o que elimina o seu efeito suspensivo.
Julgo que todos concordamos que seria muito mais simpático e acima de tudo politicamente mais cómodo esquecer de vez o assunto das portagens, assobiando para o ar como se nada se passasse.
Mas como podemos nós todos, deputados da Nação, ignorar o momento crítico em que nos encontramos. Vivemos a maior crise económica e financeira desde há décadas.
Estão em cima da mesa cortes de salários dos funcionários públicos, limitações das deduções fiscais na saúde e educação, congelamentos de pensões, aumento do IVA, cortes brutais no investimento público que seria necessário ao crescimento económico e social do País e alguns ainda acham que há espaço para não cobrar portagens em auto-estradas porque as alternativas são más.
Esta é uma das medidas de consolidação das finanças públicas consideradas no Programa de Estabilidade e Crescimento aprovado pela Comissão Europeia em 14 de Abril de 2010. Mas mais uma vez a oposição tenta impedir o Governo de governar.
Francamente Senhores Deputados, o que o País nos exige é responsabilidade, responsabilidade e responsabilidade e não demagogias e calculismos eleitorais.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Tempo errado - Eduardo Cabrita - Correio da Manhã




Devíamos estar agora a construir consensos sobre o Portugal de 2020. A definir as prioridades do modelo produtivo, as soluções para os investimentos estruturantes, os níveis de despesa social, os objetivos na educação e na saúde e a reorganizar de vez o Estado dando racionalidade à administração central e a coerência territorial prevista no PRACE. Mas estamos a navegar à vista na ressaca da maior crise global do capitalismo financeiro. Os mercados foram salvos em 2008 pelo odiado Estado que tomou no regaço bancos perdidos dos EUA à Islândia.

A crise dos anos 30 do século passado teve como resposta os autoritarismos nacionalistas e acabou na guerra mundial de 1939-45. Até ver, o custo vale a pena desde que repartido com justiça. Os mercados financeiros são pretensos deuses sem rosto, mais ingratos que escorpião, que se movem por causas ‘nobres’ como a remuneração dos acionistas ou a obtenção de prémios de gestão sem vergonha. A visão estratégica do analista de mercados não vai além das variações do PSI 20. É por isso natural ver um coro de entusiastas de economia do mar de estrategas de pacotilha que há dez anos chamavam megalómano ao projeto do porto de Sines e agora querem parar todo o investimento público. Sem ligação à rede ferroviária europeia de alta velocidade e sem linha para mercadorias entre Sines e o mercado ibérico não seremos competitivos nem como economia de praia...

A sra. Merkel levou três meses a perceber que a resposta à crise grega era a prova de vida do euro e ontem discordou da benevolência do FMI para com Atenas. É neste quadro que Portugal deve mostrar convicção na rápida recuperação do espaço negocial que nos permita dizer que a Europa do PEC é do crescimento e não só da ortodoxia da estabilidade. Será injusto, comparando com a tolerância com o casino irlandês, mas temos de mostrar capacidade de consolidação orçamental em 2011 para ter voz para contrariar o endeusamento de mitos sem racionalidade, como os 3% de défice que todos os países do euro violaram em 2009. Neste contexto, com a dívida pública a custar mais de 6% de juros, as análises de intriga partidária sobre quem teria vantagens políticas no chumbo do orçamento e em eleições nunca antes de Maio com orçamento lá para Outubro de 2011 é como jogar à cabra-cega à beira de uma arriba instável. Não sei quem seria primeiro-ministro a meio de 2011, mas não interessa muito, seria o gestor liquidatário dos destroços de um país sem rumo nem voz em tempo de tempestade.


segunda-feira, 11 de outubro de 2010

mudança de "cenário" ... (nova corrida, nova voltinha...)


Já ocupei vários lugares de destaque na minha vida e por isso já assisti em directo à quantidade de "amigos" que ganhamos (?) quando entramos, mais ou menos equivalente à que perdemos (que alívio!) quando saimos.

Com o País parece que se passa o mesmo, mas com efeitos por vezes diferidos e outras vezes com antecipações incompreensíveis. Sente-se no ar a mesma mudança de ventos e marés que se sentiu após as eleições para o Parlamento Europeu do ano passado.

De repente, em tudo quanto é forum ou congresso, disto ou daquilo, começaram a ressurgir as figuras alaranjadas do passado ou a tornarem-se habitués as novas estrelas fashion (ou cadentes?!) da constelação Passos Coelho.

Bem sei que todos se querem tornar íntimos, enquanto é tempo, de algum eventual futuro ministro da tão ansiada e precipitada putativa nova era governativa de derrapagem à direita. Vejam lá não vão enganar-se como no verão de 2009...

Mas deixem-me dar dois exemplos:

O primeiro respeita ao meu caro amigo António Nogueira Leite. E digo isto sem ironia pois é pessoa que sempre muito estimei. Desdobra-se em especialidades. Ora faz palestras sobre fiscalidade, o que é compreensível, ora surge, a convite, como o grande estratega de, pasme-se, logística em Portugal. Não é confusão. No Congresso da APLOG (Associação Portuguesa de Logística), que se realiza amanhã e depois, o António Nogueira Leite fará a sessão principal do Congresso. Ao Secretário de Estado dos Transportes disponibilizam tempo para dar umas palavrinhas na sessão de abertura. Em seguida, António Nogueira Leite, habitual porta-voz do PSD para as áreas económicas, dispõe de uma hora para dizer qual a estratégia económica para o sector nos próximos dez anos.

O segundo exemplo prende-se com a "Conferência Mar" patrocinada e anunciada sábado passado pelo Expresso. Aparentemente o critério de escolha dos oradores foi institucional, isto é, são maioritariamente os presidentes das entidades relacionadas com o sector. Mas não de todas. Existe uma excepção que é o Dr. Monteiro de Morais, identificado como ex-secretário de Estado (do PSD) do sector e ex-presidente dos portos de Sines e de Leixões. Claro está que o sector tem secretário de Estado (para além de vários ex... :) ) e existe uma presidente do porto de Sines e um presidente do porto de Leixões, por sinal ambos bastante competentes e respeitados por toda a comunidade portuária e empresarial.

Pois é ... aragens perversas ...

The show must go on ...

sábado, 9 de outubro de 2010

ventos de mudança por Lisboa

Em Lisboa sopraram ventos de mudança nas eleições para as estruturas federativas do Partido Socialista.

Parabéns ao Marcos Perestrello e à Teresa Damásio. Conquistam a liderança em tempos difíceis, esperando-se deles capacidade de ir à luta, mas também o bom senso e inteligência de unirem todas e todos em torno do projecto socialista.

Mas é também momento de agradecimento aos camaradas Joaquim Raposo e Jesuina Ribeiro pelo trabalho que desenvolveram ao longo dos últimos anos e pelas vitórias que ajudaram a conquistar.

A todos felicidades e saudações socialistas.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

é necessário que tudo mude para que tudo fique na mesma ...


Injustiça inevitável - Eduardo Cabrita - Correio da Manhã

 

Injustiça inevitável - Eduardo Cabrita - Correio da Manhã


No final do século passado, políticos com a grandeza de Mitterrand e de Kohl e uma Comissão liderada pelo visionário Delors decidiram criar o euro para dar uma dimensão global à economia europeia e incentivar a integração política. Os mercados financeiros, a imprensa anglo-saxã, a sra. Thatcher e os velhos do Restelo europeus não acreditavam que fosse possível abandonar o marco ou o franco nem que a nova moeda durasse mais do que um ano, dada a disparidade entre as economias e as reservas nacionais.
Para dar confiança aos mercados, foram criadas as regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento. Por um lado, limites comuns para o défice público (3%), a dívida pública (60%) e a inflação (2%), por outro, fundos de coesão, para apoiar o desenvolvimento dos países mais pobres. A violação dos critérios seria aceite em caso de crise económica ou necessidade de acelerar o crescimento. Os analistas não acreditavam que Portugal fosse aceite no euro mas Guterres e Sousa Franco conseguiram, sem as dívidas superiores ao PIB, como na Bélgica ou na Itália, ou à pouca credibilidade das contas gregas.
Até 2008, o euro foi um sucesso global, rivalizando com o dólar. A crise originada pela especulação financeira e imobiliária provocou, pela primeira vez, um desequilíbrio simultâneo em todos os países do euro. A causa foi a limitação dos efeitos da crise e a salvação do sistema financeiro, até com nacionalizações de bancos na Irlanda, Holanda ou Reino Unido. A atual Europa é liderada por uma maioria de governos liberais ou conservadores dependentes de públicos desconfiados do projeto europeu ou apoiados por partidos de extrema-direita antieuropeia. O Tratado de Lisboa está a ser corporizado por figuras medíocres como Rompuy ou Ashton e assistimos à vingança dos mercados, que nunca quiseram nem euro, nem União Europeia. Portugal precisa de Estabilidade financeira e Crescimento. Seria desejável uma redução suave do défice até 2014, com investimento público e crescimento. Não aldrabamos as contas como a direita grega fez nem temos um défice de 32% para salvar bancos falidos como o ex-modelo irlandês - mas sem nós a expressão PIGS não fazia sentido na imprensa paga em dólares ou libras...
Teixeira dos Santos provou ser capaz em 2007/08. Temos de provar em 2011 estar à altura destas medidas injustas e potencialmente recessivas para recuperarmos o caminho da Europa da coesão e do desenvolvimento livre de visões de curto prazo de uma chanceler menor criada na ex-RDA.