Caros Camaradas Deputados
Face às notícias recentemente publicadas relativas ao chamado processo “Face Oculta”, entendo dever, na rigorosa distinção entre os espaços da Política e da Justiça, prestar os seguintes esclarecimentos enquanto dirigente nacional do PS e deputada à Assembleia da República:
1. Prestei declarações por escrito no âmbito do processo referido a solicitação do Ministério Público da Comarca do Baixo Vouga e na sequência da autorização concedida pela Assembleia da República.
Considero por isso lamentável a grave violação do segredo de justiça resultante da publicação de excertos truncados das minhas declarações antes da dedução da acusação, bem como, após a mesma, versões romanceadas dos factos como as referências ao impacto da minha pretensa deslocação a Aveiro, a qual nunca ocorreu.
2. Respondi com todo o rigor e consciência às questões colocadas sobre factos em que participei ou de que tive conhecimento sendo evidente para os que me conhecem que nunca me considerei pressionada por ninguém e sempre agi e tomei decisões no estrito dever de defesa do interesse público e da legalidade.
3. No exercício de funções governativas nunca esqueci o facto de ser militante e membro do Secretariado Nacional do PS, que integro desde Outubro de 2004 por convite do Secretário-Geral José Sócrates.
Sempre afirmei que o facto de ser membro do Secretariado Nacional do PS me dava preocupações acrescidas de seriedade e que estava farta que os partidos tivessem as costas largas. Por isso, com a legitimidade de quem é dirigente nacional do partido, sempre disse que não admitia referências abusivas a alegados interesses do PS por parte de quem quer que fosse, muito menos por parte de quem não tem legitimidade para o fazer.
São estes os princípios que sempre defendi e que adopto reiteradamente desde que em Novembro de 2009 passei a integrar a Comissão de Gestão do PS por designação do Secretário-Geral.
4. A defesa do Estado de Direito e da ética republicana estarão sempre na base do meu dever de colaboração com a Justiça no estrito respeito pela separação de poderes que a todos obriga sejam operadores judiciários, responsáveis políticos ou profissionais da comunicação social pelo que rejeito veementemente quaisquer especulações políticas feitas com base em peças processuais cujo teor desconheço.
1 de Novembro de 2010
Deputada à Assembleia da República
Membro do Secretariado Nacional do Partido Socialista