"O Mundo acorda e adormece sem que ninguém o embale.


Ainda assim, estou disposta a oferecer-lhe a minha canção."




quarta-feira, 31 de outubro de 2018


DISCURSO CERIMÓNIA FINANCIAMENTO WINDFLOAT

Sede da EDP – 19 DE OUTUBRO DE 2018 – 12h



Senhor Presidente da Comissão Executiva da EDP,

Senhor Ministro do Ambiente e da Transição Energética,

Senhor Comissário Europeu Carlos Moedas,

Senhora Vice-Presidente do Banco Europeu de Investimento,

Senhor CFO da Repsol,

Senhor CEO da EDP Renováveis,

Exmas. Senhoras e Exmos. Senhores,

“Tudo parece impossível até que seja feito!”

Esta frase de Nelson Mandela traduz bem o espírito do projeto Windfloat: uma vontade de desafiar os paradigmas convencionais da produção energética sustentável no mar, enfrentando os «adamastores» dos riscos financeiros e o pessimismo militante dos habituais «velhos do Restelo».

Quem havia de dizer que um conceito tecnológico inovador para produzir energia eólica flutuante em águas profundas haveria de nascer de uma adaptação das plataformas de produção de petróleo?

Quem se atreveria a instalar um protótipo de uma tecnologia ainda não comprovada em ambiente real, nos mares intensamente revoltos, mas ricos em recursos eólicos oceânicos, no norte do nosso país?

Quem preveria que o protótipo Windfloat seria capaz de resistir até ondas de 14 metros, incólume, e de manter a produção mesmo com vagas de 12 metros, alcançando uma admirável taxa de disponibilidade de 93% e um custo de produção de eletricidade renovável muito abaixo das previsões iniciais?

“Tudo parece impossível até que seja feito!”

Foi feito por um consórcio onde primou a engenharia de elevada qualidade, criadora de soluções inovadoras e disruptivas, combinada com uma rigorosa gestão financeira.

Foi feito por um consórcio liderado por uma empresa portuguesa, a EDP, que construiu uma equipa internacional, que congrega uma PME nacional (o grupo AS Matos), uma PME dos EUA (a Principle Power), a Repsol (uma petrolífera) e acionistas japoneses.

Foi feito com investimento público e privado, nacional e comunitário.

E agora aqui estamos num novo momento marcante deste processo: o nascimento do projeto pré-comercial desta tecnologia, o Windfloat Atlantic.

E novamente se enfrentam riscos e desafios. Porque vale a pena, porque a nossa alma não é pequena e o potencial energético sustentável do nosso mar também não o é.

Como demonstra a Estratégia Industrial das Energias Renováveis Oceânicas, aprovada em Resolução de Conselho de Ministros, cerca de 25% da eletricidade consumida em Portugal pode ser produzida pelo nosso mar, através da energia eólica flutuante e da energia das ondas.

É o equivalente à atual produção de uma central termoelétrica baseada a carvão.

Significa diminuir 32% das nossas emissões de CO2 e dos gases com efeito de estufa.

Significa conquistar um aumento de 20% da nossa segurança energética baseada em recursos renováveis, eliminando importações de carvão.

Apostar na indústria das energias renováveis oceânicas é simultaneamente contribuir para a mitigação dos efeitos das alterações climáticas, com energia de baixo carbono, e desenvolver uma nova fileira industrial exportadora, renovando a nossa indústria naval, criando riqueza e empregos de valor acrescentando. Criando um cluster industrial exportador competitivo, gerando valor acrescentado, novos empregos diretos e um impacto positivo na balança comercial portuguesa.

A concretização do projeto Windfloat Atlantic é um passo de gigante neste sentido: vão ser investidos 220 milhões de euros, o que corresponde já à concretização de 92% do objetivo traçado!

O Windfloat Atlantic será o maior parque eólico offshore flutuante do mundo, com capacidade instalada suficiente para abastecer 12.500 casas.

É um pequeno passo no mapa energético nacional, mas constitui um enorme passo na conquista do mar como fonte de energia limpa e segura, afirmando Portugal como potência marítima e tecnológica a nível mundial.

A concretização da instalação do parque eólico offshore flutuante Windfloat Atlantic, nas águas profundas de Viana do Castelo, ligado por um cabo submarino à rede elétrica nacional, afirmar-se-á como um showroom tecnológico da capacidade de Portugal fazer acontecer o mar, criando entre Setúbal, Aveiro e Viana do Castelo uma rede de Port Tech Clusters especializada nas energias renováveis oceânicas!

A Estratégia Industrial das Energias Renováveis Oceânicas indica a rota para o sucesso já no curto-médio prazo: a indústria portuguesa, nos setores onde tem estado ativa na energia eólica offshore, tem um mercado potencial até 2030 de cerca de 59 mil milhões de euros, um valor equivalente a aumentar 10 vezes a dimensão do mercado e do emprego atuais.

Mas há mais desafios para vencer para além das exportações na energia eólica offshore.

Há mais impossíveis para serem feitos!

Há que tornar a energia eólica offshore flutuante tão economicamente competitiva como já é a eólica onshore e o gás natural.

Há que encontrar formas de integrar a energia eólica offshore com a aquacultura offshore, para aumentar a sustentabilidade ambiental e a rentabilidade de ambas as indústrias.

Há que encontrar formas economicamente viáveis de produzir gás sintético e hidrogénio de base renovável em alto mar, usando a energia eólica offshore, que possam abastecer navios em águas abertas.

Há que inventar formas de combinar no mesmo espaço de instalação a energia eólica offshore flutuante e a energia das ondas, para melhor aproveitar os cabos submarinos e os recursos energéticos disponíveis.

Em resumo, a aposta nas energias renováveis oceânicas é uma medida política racional na vertente ambiental, como também na construção da competitividade para um crescimento sustentável, assente na inovação e no melhor do engenho humano.

É uma aposta para fazer acontecer o impossível!

Ainda não temos todo o conhecimento para definir toda a rota para a sustentabilidade energética e ambiental no oceano e no planeta.

Mas sabemos que o caminho é por aqui!






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