"O Mundo acorda e adormece sem que ninguém o embale.


Ainda assim, estou disposta a oferecer-lhe a minha canção."




quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Competitividade - Eduardo Cabrita - Correio da Manhã

Competitividade - Eduardo Cabrita - Correio da Manhã


Segundo a revista ‘Forbes', Portugal é em 2010 o 24º melhor país do mundo para fazer negócios (o que compara com o 27º do Japão, o 33º da Espanha ou o 63º da Grécia...) mas a fragilidade do sistema educativo é o maior obstáculo para o aumento da produtividade e o crescimento da economia. Na semana passada, o Fórum Económico Mundial dava-nos o 46º lugar no ranking da competitividade (entre a Espanha e a Itália mas muito longe da Grécia), mas apontava entre os maiores problemas a burocracia e o funcionamento da justiça . Destacava como positiva a saúde (8ª mais baixa mortalidade infantil), a qualidade das estradas (8º), a celeridade para iniciar um negócio (13º - efeito da Empresa na Hora) ou o uso de novas tecnologias pela administração pública (17º).
Estes indicadores demonstram que o crescimento e a competitividade exigem uma guerra cultural à burocracia, divulgando e alargando as boas práticas, como o cartão do cidadão ou as declarações eletrónicas, e um consenso alargado sobre a aposta na educação e na qualificação ao longo da vida. Como os países nórdicos demonstram, a competitividade é reforçada com a aposta na educação e saúde de qualidade como bens públicos de acesso universal. Em 1974, apenas 8,3% das crianças frequentavam o pré-escolar e 5% dos jovens o ensino secundário. A paixão de Guterres levou aos jardins de infância 71% das crianças em 2000 e este ano ultrapassamos os 80%. No ensino secundário, só em 2007 a frequência ultrapassou os 60%. O programa Novas Oportunidades, o alargamento para 12 anos da escolaridade obrigatória e a aposta no ensino superior pós-laboral são batalhas de uma longa guerra pelo conhecimento destacada pela OCDE.O início do ano escolar foi marcado pelas centenas de novos centros escolares, para fazer esquecer as indignas escolas do antigamente, pelo envolvimento ativo das autarquias na gestão do ensino básico e pelo aumento das vagas no superior, mesmo em Medicina, apesar das resistências da Ordem dos médicos instalados.
Na burocracia, o licenciamento zero das atividades económicas é um novo marco da guerra contra a corrupção e a prepotência dos pequenos poderes. É em torno dos sucessos e dos bloqueios de hoje que se devem definir as novas ambições para maior competitividade com justiça social. As sondagens já provaram que a quezília constitucional contra as políticas de coesão não dão saúde nem longa vida à desorientada liderança do PSD que bem precisa destes meses de limbo presidencial para repensar prioridades e olhar para a um futuro competitivo para lá da consolidação orçamental.

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