As trovoadas estivais, as medidas anunciadas à sorrelfa para cidadãos distraídos à beira-mar e o torpor das comissões parlamentares retomadas ainda em Agosto são quais gaivotas em terra da tempestade social anunciada.
Os últimos dados do INE e da DGO liquidaram como demagogia para militantes nervosos a teoria conspirativa do "défice colossal". Afinal, a economia no segundo trimestre (ainda de Sócrates), ao estagnar em vez de afundar, superou todas as previsões, ficando a uma décima da evolução da poderosa Alemanha. As exportações, que a queda da TSU visaria estimular, cresceram 17%, salvando o PIB da travagem a fundo no investimento público e do duche frio no consumo das famílias. Quanto à execução orçamental regista uma queda do défice em sete meses superior a 2 mil milhões de euros, algo "colossal", para usar a linguagem da nova propaganda… O principal risco vem do abrandamento da receita devido às medidas de austeridade ainda tomadas pelo Governo PS.
A partir de agora, a evolução da economia e a execução orçamental correm inteiramente por conta da nova maioria, sem desculpa da herança se mergulhar a fundo num abismo liberal de destruição dos equilíbrios sociais. Para atingir os níveis de recessão estimados por Gaspar e Moedas para 2011, é necessário o segundo semestre mais trágico da nossa história democrática, um verdadeiro Setembro negro para as famílias e as empresas.
Eles têm tentado nos últimos dias… ao acabar com o maior projeto nacional de reabilitação urbana com capitais privados (o Arco Ribeirinho Sul), ao insistir na perda de fundos que resultaria do abandono da alta velocidade ferroviária, violando compromissos e tornando Badajoz na nossa estação internacional, e com ensaios para a renegociação (certamente com piores condições de financiamento) de obras já em curso, a começar pela Península de Setúbal, que nutre poucas simpatias pela atual maioria.
Entretanto, os famosos e óbvios cortes em consumos intermédios continuam à espera neste duro choque frontal com as angústias da realidade da governação… Alá é grande e sem Kadhafi o petróleo poderá baixar, aliviando algumas dores deste sombrio final de Verão.
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